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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Erva-da-abelha - a invasora dos potes de mel




Os Açores são conhecidos entre o mundo da apicultura pelo seu mel característico inegualavel. Destacam-se logo à cabeça o monofloral de Incenso e o mel multifloral com predominância de Trevo Branco. É de ressalvar no entanto que existem muitas outras florações relevantes neste arquipélago. Uma se calhar das mais relevantes é a chamada “erva-abelha” (Salpichroa origanifolia) ou “erva-da-abelha” popularmente assim conhecida nos Açores pelos amantes das abelhas, mas que em outras paragens é conhecida como “orelhas-de-cordeiro”. 
Manto de Erva-Abelha

É originária da América do Sul e tudo indica que foi trazida para a Europa por apicultores pois ter-se-ão apercebido da sua atração por parte das abelhas. As bagas que se formam depois das flores são comestíveis em certas partes do mundo por onde essa planta altamente prolifera se instalou, mas há quem lhes aponte uma certa toxicidade. 
Foto: Rob and Fiona Richardson

Entre os agricultores em geral esta planta é considerada uma praga pois propaga-se com uma grande facilidade competindo pelo espaço com outras plantas de valor agrícola ou ornamental. Tanto pega por estaca como pela semente. Consegue trepar outras plantas inclusive arvores. É considerada nos Açores como uma “feroz” invasora. 
Pormenor das flores
Foto: asminhasplantas.blogspot.com

Ao que parece, os únicos que ainda gostam desta planta são mesmo os apicultores. Embora as referências bibliográficas sobre esta planta apontem para que floresça apenas no verão e início do outono, na verdade é que, à exceção do inverno, em todo o ano por cá vê-se essa planta florida e coberta de abelhas melíferas e por outras abelhas salvagens. 
Foto: casuaro.blogspot.com


Embora não exista nenhum monofloral da erva-da-abelha, é sem dúvida uma planta muito importante para a apicultura nos Açores existindo em quase todas as ilhas à exceção do Pico e Corvo. Não é por acaso que muita da alta produtividade que alguns apicultores têm em seus apiários, acontece em áreas repletas desta pequena mini fábrica de néctar e pólen.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Apicultura "baratinha"


Este vídeo mostra como se pode fazer, de uma forma rápida e económica, três  itens diferentes que um apicultor usa frequentemente. Normalmente, protetores de células reais, gaiolas de introdução e gaiolas de transporte de rainhas, são comercializados a preços acessíveis, mas quando comprado em grande numero, começa a pesar na carteira. A solução pode passar por fazer-los nós mesmos. Em menos de 3 minutos podemos fazer cada um destes itens. (perdoem-me estar em inglês mas mesmo para quem não entende a língua, consegue perceber como se faz)


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Em outubro ainda é verão



O que mais me fascina ao me deslocar aos meus apiários por esta altura do ano, é ver a enorme azafama com que trabalham as minhas abelhas. Hoje pela hora de almoço desloquei-me ao meu apiário principal e a azáfama era tanta que parecia que as colmeias andavam a pilhar-se umas às outras. No entanto, não era esse o caso. A entrada de pólen em algumas colmeias fez-me lembrar a primavera. As abelhas andam muito entusiasmadas com a floração da Bânccia e da Nespereira e a sempre inevitável "erva-da-abelha" (Salpichroa origanifolia) assim conhecida entre os apicultores da zona.  Há alguns Eucaliptos também lá perto mas ainda não floriu na sua máxima força e abelhas por lá não tenho visto muito. A quantidade de zangões também é surpreendente para a altura do ano em que estamos e nem por isso as guardas das colmeias os bloqueiam a passagem. Uma verdadeira primavera a 4 dias do início de novembro.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Bânccia - Uma floração improvável em outubro.

Fonte: http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt

Uma floração que aparece logo após a altura da cresta nos Açores é a da famosa Cigarrilheira ou Bânccia (Banksia integrifolia L.). Trata-se de um arbusto muito utilizado em sabes devido ao seu crescimento rápido e é ideal para proteger culturas agrícolas pela sua enorme resistência ao vento e ao salgado do mar. Tem uma flor que faz lembrar a flor de Metrosidero ou mais propriamente seu primo "Limpa Garrafas" (Callistemon citrinus), só que em vez de avermelhado normalmente apresenta-se em tons de amarelo.

Flor da Bânccia
O meu maior gaudio para com esta planta (para além da quantidade de nectar) é a altura em que floresce, e diria que aparece numa altura crucial, onde começa a escacear as florações mais relevantes na maioria das ilhas dos Açores. É certo que em muitas zonas a partir de outubro podemos contar com a floração do Eucalipto, e da Nespereira, mas um reforço da Bânccia é muito bem vinda isto a fazer fé na quantidade de nectar que esse tipo de flores apresenta. No seu habitat de origem (Austrália) é uma planta que, tal como acontece com o Metrosidero, é polinizada por passaros o que atesta a sua enorme capacidade de produção de nectar.  Curioso foi observar que uma abelha pode ficar atestada de nectar sem ter de mudar de flor. Na observação exaustiva que fiz em busca das localizações desta flor, reparei que esta floresce muito mais em Bânccias "despresadas" ou salvagens do que propriamente nas Bânccias tratadas (roçadas) que formam as sebes.

A sua distribuição nos Açores é quase generalizada a todas as ilhas exceptuando-se as ilhas da Terceira, Pico e Corvo.
 

Distribuição da Banksia integrifolia L.
Fonte: http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt


Interessante que desde criança sempre conheci esta planta pois brincava com as famosas cigarrilhas que produz a fingir de cigarros, mas nunca havia reparado na sua flor. O material que se forma após a  floração, (uma especie de pinha mal formada que me escapa o nome), também é muito bom para a combustão do fumigador. 



O unico senão da altura da floração é a falta de bom tempo. É preciso sol que permita uma recolha eficiente das nossas meninas a esta dádiva em tempo de escassez para assim não nos preocuparmos em demasia com a manutenção de reservas no inverno.