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sábado, 6 de setembro de 2014

Desdobramentos dentro do mesmo apiário




Umas das coisas que senti necessidade quando ainda tinha apenas um apiário, foi de poder fazer sem riscos os desdobramentos que necessitava. Meu primeiro apiário situa-se num local cujo acesso não está 100% disponível de carro o ano inteiro. Fica situado após uma pastagem com cerca de 100 metros com uma pequena inclinação. Assim, quando a erva da pastagem está alta, torna-se inviável aproximar-me de carro ao apiário. Depois, transportar colmeias ou mesmo núcleos por 100 metros é terrível, dissuadindo qualquer apicultor. Ainda mais, eu só tinha 2 colmeias quando iniciei a atividade, não se justificando obter na altura mais apiários. Mas cedo senti a necessidade de fazer desdobramentos para aumentar efetivos. Existem alguns métodos de fazer desdobramentos dentro do mesmo apiario. Quanto ao que eu usei e que passo a descrever, não me lembro se o li em algum lado ou apenas foi fazendo experiências, mas eis como fui fazendo: 
Quando a colmeia a ser desdobrada estava forte, eu fazia como em qualquer desdobramento, retirava um quadro de criação operculada, um com larvas e ovos e outro misto, todos com as respetivas abelhas, depois reforçava com mel e pólen nas laterais. Se necessário, reforçava com mais abelhas de outros quadros. Ai começam as diferenças dos métodos de levar o núcleo para outro apiário, é que normalmente leva-se esse recém-constituído núcleo para longe, para outro apiário, a 3 km no mínimo. Eu de minha parte tive então de fazer experiencias. Em vez de retirar o núcleo sem rainha para longe, deixava-o no sítio da colmeia original, e retirava a colmeia com a rainha e colocava ligeiramente mais afastada.
 Experimentei varias distancias e a que me pareceu melhor foi a de deixar a colmeia original com a rainha cerca de 50 cm do sítio original, ou seja, praticamente ao lado. Quando as campeiras voltavam do campo deparavam-se com um núcleo no lugar da colmeia e notava-se uma certa hesitação das abelhas em entrar, fazendo com que algumas fossem para a colmeia com a rainha, mas também um grande número de campeiras entrava no núcleo. O número de campeiras ficava assim mais ou menos dividido. Ora, há no entanto algumas coisas que contribuem para a escolha das campeiras por determinada colónia. Antes de qualquer manobra de desdobramento a colmeia a se desdobrar deve estar isolada de outras colmeias, pois isso facilita a divisão posterior das campeiras. Quando assim não é feito e há uma colmeia ao lado da colmeia a desdobrar, depois de se efetuar o desdobramento, as abelhas que veem do campo vão partir do pressuposto que a colmeia original não é a sua, mas sim a que estava ao lado da sua, não entrando nela e indo todas parar ao núcleo. 

O ideal seria não haver colmeias (mesmo que sem abelhas) ao lado da colmeia a desdobrar e depois de então ter sido feito a divisão, trocar a posição da colmeia que ficou com a rainha com o núcleo resultante. 
Depois de feito o desdobramento trocar a posição da colmeia mãe e o núcleo para confundir e dividir as campeiras.


É um método que resultou para mim, aumentei nesse ano o meu efeticvo em 500% (2 + 500% = 12. [Espero que seja assim que se faça essa conta]) mas devo acrescentar que no ano em que fiz isso não tinha preocupações em produzir mel pois tinha definido que seria um ano de investimento para aumentar efetivo. Mesmo que as colonias ficassem desequilibradas em número de campeiras, isso não me preocupava muito. Não se trata de uma ciência exata porque como sabemos o que resulta para uns pode não resultar com outros até porque as raças de abelhas diferentes têm comportamentos diferentes perante a mesma situação e a deriva das iberiensis tem menos pergaminhos que a linguística.



5 comentários:

  1. Está muito bem pensado porque executei desdobramentos
    nas mesmas condições e foi um sucesso !

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  2. Muito obrigado pela informação. Faço apicultura no Faial e embora tenha vários apiários tenho alguns com pior acesso, por isso já à algum tempo que queria saber se era possível desdobrar no mesmo apiário. Este ano foi mau, perdi vários enxames, tenho outros com rainhas velhas e não me tenho safado muito bem com o picking, por isso tenho que, a seguir ao incenso, focar-me em conseguir o máximo possivel de rainhas e experimentar novos métodos. Sempre a aprender.

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  3. A apicultura é mesmo assim, estamos constantemente a aprender. Espero que tenho corrido bem os desdobramentos de 2017. Boa api.

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  4. Com esse processo qual a melhor distância entre esse manuseio e a próxima colmeia?

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